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HISTÓRIA

 

O nióbio

O Laboratório de Baixas Temperaturas (hoje “de Materiais e Baixas Temperaturas”) foi fundado em 1970 por Daltro Pinatti, que veio da Rice University, nos EUA, onde havia defendido seu doutorado, com a ideia de investir na pesquisa sobre nióbio.

Havia três razões para isso. Primeiro, o nióbio é muito bom para produzir as chamadas “ligas especiais”, que são ligas metálicas nas quais uma pequena quantidade de material adicionado melhora muito seu desempenho – como no aço. Atualmente, os aços microligados são responsáveis por 75% do consumo mundial de nióbio.

A segunda, a mais importante para Pinatti, era que o nióbio era (e é até hoje) o supercondutor mais usado, por sua conveniência. Os supercondutores de alta temperatura crítica (a temperatura na qual ele se torna supercondutor), descobertos a partir de 1986, ainda não têm aplicações comercialmente viáveis o suficiente para ameaçar o nióbio.

E a terceira razão era que o Brasil tinha – e ainda tem – as maiores reservas de nióbio do mundo. Hoje, é o maior produtor de nióbio puro do globo.

A parceria com a CBMM

O grupo começou, portanto, com ênfase na pesquisa aplicada. Os estudos concentravam-se, por um lado, na obtenção do nióbio de alta pureza a partir do minério extraído pela Companhia Brasileira de Mineração e Metais, CBMM, das minas de Araxá, em Minas Gerais (as maiores do mundo). Foi feito um convênio com a empresa para isso. Mais tarde, a própria empresa passou a produzir o nióbio puro, com um equipamento que comprou da Alemanha. As pesquisas do LMBT foram fundamentais para que a empresa chegasse a produzir o nióbio de alta pureza a ponto de poder exportá-lo, como faz hoje.

A parceria com a empresa continuou com pedidos esporádicos da mesma para a caracterização do nióbio que ela produzia. Mais tarde, a empresa voltou a procurar o grupo para esse fim.

Supercondutividade e outras pesquisas

Por outro lado, explorava-se também a supercondutividade do nióbio. Pesquisava-se a produção de fios supercondutores feitos com ligas de nióbio – especificamente, as ligas nióbio-titânio e nióbio-3-estanho. Também estudava-se outras ligas metálicas, concentrando-se em suas propriedades magnéticas, e vários metais refratários (resistentes a altas temperaturas).

Mudança para a pesquisa básica

O perfil das pesquisas começou a mudar com a chegada da pesquisadora Reiko Turtelli, em 1985, vinda do grupo de Rogério Cerqueira Leite, do Departamento de Física do Estado Sólido. Reiko queria estudar ligas amorfas e nanoestruturas e seu perfil estava na pesquisa básica. Em 1989, Daltro Pinatti foi para Lorena, SP, onde criou o Projeto Nióbio dentro da Fundação de Tecnologia Industrial, subordinada ao Ministério da Indústria e Coméricio (MIC). Nesta Fundação, foi possível o refino de nióbio em escala bem maior do que era possível com a estrutura do LBMT. Entretanto, as pesquisas de supercondutividade em ligas e compostos de nióbio continuaram no LMBT com Oscar Ferreira de Lima. A linha de pesquisa de Reiko, atualmente na Universidade de Tecnologia de Viena, teve continuidade com a chegada de outros pesquisadores, nos anos 1990, quando a magnetorresistência gigante e a magnetoimpedância gigante estavam sendo bastante pesquisadas no mundo todo.