Colocações Universitárias

Dedico este espaço a reproduzir publicações, cartas, mensagens e ofícios que foram emitidos por mim ao longo de minha carreira. Eles não dizem respeito de atividades técnicas senão respeito da profissão e da universidade.
Embora seja muito incompleto no começo (fevereiro de 2000) espero que ele chegue a incluir as principais colocações que refletem meu ponto de vista sobre o tema. Certamente que não podem ser interpretadas mais que como informações parciais, pois não descrevem o contexto em que aconteceram nem as respostas ou reações obtidas. Última atualização: 12 de junho 2013.


Sobre Direitos Autorais, Patentes, etc.

Artigo “Sobre Direitos Autorais”, Lunazzi JJ., Rev. UNIVERSIDADE E SOCIEDADE -ANDES, Vol XXI, N49, Janeiro de 2012  ISSN 1517-1779, p.116-119
A respeito disto, encontrei o que seria uma proposta de uma nova versão da Lei de Direitos Autorais, um dos assuntos seria colocar a validade de 70 anos a partir da publicação da obra, não da morte do autor. O tema já mudou com a mudança de ministra de Cultura, que agora é a Marta.


Sobre avaliação da produção científica

Tenho feito colocações no boletim da Sociedade Brasileira de Física. Uma delas é que a avaliação está se pautando somente pela quantidade de publicações e os árbitros não estão julgando mesmo os projetos. E, mesmo assim, não foi dado um número para saber quando pode ser considerada suficiente uma produção. Veja a nota. Veja também a proposta de um espanhol de cada autor ter indicado nos trabalhos qual foi sua contribuição específica:   Hierarquia complexa – Pesquisa FAPESP Online

Tenho reclamado de várias injustiças que recebi, e por causa delas tenho pago de meu bolso viagens a congressos no Perú, EUA, e a publicação de um capítulo de livro. Recentemente a FAPESP chamou a reunião de árbitros justamente pelo problema: “FAPESP realiza reuniões com pareceristas”

Outra, que o número de autores por artigo vem aumentando linearmente ano após ano, o que representa uma verdadeira falsa eficiência: mesmo com N autores, cada artigo vale para cada autor uma unidade, e não a fração 1/N que seria o justo. De maneira que mais recebe quem  mais compartilha, o que anula quem trabalha mais individualmente.

Outra, é que sempre recebe mais quem mais recebeu, quem não recebeu já parece ser considerado descartado antes … É como no Brasil, os ricos recebem muito, os pobres nada, a distribuição sequer é proporcional ao número de publicações, tem “nota de corte”, como no vestibular, apenas que não nos é dito qual seja.
E também, só se procura pela produção científica recente, se a pessoa reduziu seu ritmo de produção, parece que vai ser considerada inferior. Saiba sobre o movimento Slow Science, ao que estou aderindo.

E outra, que das três pernas da atividade universitária, pesquisa, ensino e extensão, a extensão como divulgação científica não é de fato considerada nas arbitragens, essa é minha experiência. Não se pode considerar como extensão exclusivamente a contribuição com empresas e orgãos.
Recomendo a leitura de artigo: Produtivismo além dos números, de Luiz Menna-Barreto

Em 2012 tive meu pedido de reclassificação negado, junto ao de 18 outros colegas do meu Instituto (a maioria) por uma comissão presidida pelo Prof. Brito. Em um caso, a comissão errou e deixou de considerar 15 anos de trabalho de um colega. No meu caso, foi como se em vinte anos de trabalho, tendo orientado 8 mestrados, 2 doutorados, obtido uma patente, recebido mais de 5.000 alunos de escolas públicas para palestras com abundantes experimentos, publicado um capítulo de livro, etc., não significasse progresso. Saiba mais

Agora, começando 2014 e com o trabaalho de ensino reconhecido, passo a colocar aqui o tema dos julgamentos impróprios de artigos por revistas da mais alta qualificação, assunto onde os autores ficamos isoladamente prejudicados, sem defesa possível.

“Na verdade somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas”- “O Brasil como problema“, de Darcy Ribeiro

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Sheldon pergunta: “Porque escolheram esse professor se desde que ganhou o Nobel não publicou um trabalho sequer?”
Ótima descrição da ciência de hoje. Visto no programa da Warner “The Big Bang Theory” em 2012.


Sobre publicações livres

Publicar é caro, embora a pesquisadores do “terceiro mundo” a maioria das revistas conceda o favor de publicar sem pagar. Mas não são poucos os casos em que o governo paga para uma publicação. E é muito o que paga para que seus pesquisadores possam ler facilmente ao menos as revistas mais importantes. Mais grave ainda é que o governo pagou muito para a pesquisa ser feita usando verba de impostos que o povo paga, e nos EUA, na Inglaterra e agora na Argentina advogase pelo direito de o povo poder ter acesso ao resultado publicado, inclussive, obrigando a isso. “Open Access” é o nome dado ao acesso aberto. A saida que muitas revistas tomaram foi cobrar muito mais caro (x4) para o pesquisador e então disponibilizar os artigos pela internet. E dessa taxa não há eximição para ninguém. Porém a agência fundamental para pesquisa no Estado de São Paulo, a FAPESP, nega pagar por isso. No meu caso, publiquei o capítulo de um livro em editora que publica em papel e na internet para acesso livre (InTech hoje atingindo 10.000.000 de cópias de seus artigos). O assessor da FAPESP aprovou o pagamento de R$ 1.300,00 pela publicação, mais o presidente negou porque é norma não pagar por publicar, somente por correções do inglês: “d) Auxílio à Publicação – Livros no Exterior. São financiáveis apenas os Serviços de Terceiros (Brasil ou Exterior) referentes a tradução e revisão técnica.”. Mesmo assim, nem teria rehavido meu dinheiro, porque para esse caso também existe uma norma especial, não pode haver reembolso.

Janeiro de 2012: uma pessoa copiou milhões de artigos acadêmicos do MIT. Raymond Schwartz, um dos criadores do RSS possivelmente pretendia divulgá-los livremente, foi  acusado com possibilidade de pegar 35 anos de cadéia e um milhão de dólares de multa: suicidou-se. Há uma coletividade de cientistas divulgando livremente artigos com copyright em homenagem a ele: #pdftribute no tweeter. Saiba mais: artigo na Nature.


Pesquisador brasileiro não pode importar

Pessoas comuns vem na UNICAMP e se maravilham com as pesquisas, vam prédios grandes, bonitos, equipamentos caríssimos, obras de construção e mesmo reformas carísssimas, etc. e imaginam que pode-se trabalhar sem grandes limitações, como se fosse uma empresa multinacional poderosa, por exemplo. Mas não é assim, não se pode importar, na prática, mais que equipamentos ou consumo com muita demora. Mais de um ano. A simples compra que uma pessoa faz pelo correio da China ou dos EUA, por exemplo, não é permitida. Quis fazer e soube que é preciso fazer o processo de importação, que pága a um despachante uns R$ 3.000,00 pela tramitação. Obrigatória, mas que deixa a compra livre de impostos. Ou seja que, se acabou o produto que estou usando e quero repor, ou usar uma variedade diferente, pagaria essa “taxa de despachante”. A FAPESP e a UNICAMP tem serviços de importação, mas no fundo, tudo resulta igual. Quando um colega foi ministro de Ciência e Tecnologia tentou resolver com o sistema chamado “Importa Fácil“. Não adiantou, para cada compra o pesquisador tem de se apresentar pessoalmente na Receita Federal, veja o que um professor escreveu para ajudar a facilitar o “Importa Fácil”.



Sobre vida e regulamentação universitária, veja meu texto comentando  
Sobre universidades argentinas


Sobre segurança no campus

O problema da segurança em nossa vida é cada dia mais grave. Sem descartar os demais motivos que podem dar base para o crime, possivelmente o maior motivo para o incremento atual da violência seja o consumo de drogas, que leva ao viciado a querer por todos os meios as obter e acaba caindo no crime. Infelizmente vemos no campus o consumo e o tráfico, localizados em locais específicos que são visitados por pessoas com apariência estranha à de qualquer universitário e que reagem a qualquer tentativa deidentificação ou controle. Qual a relação disto com o furto de veículos?
Alguma deve ter, ao menos é o que sinto respeito do meu caso recente (julho 2009) onde levaram um carro meu e o de um aluno. 
O problema não tem solução simples, porém o mais preocupante é o estímulo que a facilidade do crime representa, onde o incremento pode levar ao mais temido: o sequestro. 
Um elemento simples que vemos na entrada de qualquer estacionamento de supermercado hoje é a câmera que, suponho, registra a entrada e saida de carros e seus motoristas. Pois as de nossas guaritas nunca registraram nada, sendo apenas três somente as necessárias no caso de controle de saida, considero útil que esse controle seja colocado e o assunto discutido no seio de nossa associação.

Submetido para publicação após conversa com a diretoria da ADUNICAMP em 14/07/09, sem resposta até 25/08/09, data da publicação aqui.

Fotos ao lado: (esq.) em 26/03/13 (já bem antes) a câmera que supostamente registra a saida dos carros na guarita da Educação Física está apontada para a entrada. Direita: Na portaria principal, da Av. 1 ou Av. Einstein, a câmera para a saída está normal mas é fácil perceber que, nessa distância de uns 50 m e por tras nunca vai registrar quem é que está robando um carro ou sequestrando uma pessoa. 

            130326-11_Camera_aponta_na_saida_Portaria_Av1_30     130326-3_Camera_nao_aponta_saida_na_EF_30

Sequestros na UNICAMP: saiba sobre um

Dia 10 de janeiro de 2013: Mais um sequestro, foi uma mulher de dentro de seu carro no estacionamento do Hospital das Clínicas. Acredito que das mais de cem câmeras do campus não tenha uma câmera sequer registrando a saída de carros.

Sobre o evento da comunidade do dia 05/12/13: não foi transmitido pela internet como anunciado. Coloco a matéria do jornal Correio Popular. Admirou-me dos estudantes que no dia já estavam de férias, são excepcionais por não irem a exame. Eu não consegui ir pois estava trabalhando com estudantes, compromisso inadiável.


Sobre algumas questões do vestibular da UNICAMP

Sobre as primeiras trasmissões de TV da UNICAMP

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