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Contaminação por radônio

Um dos problemas estudados pelo grupo com o método dos traços nucleares é o da contaminação de radônio no ar. O radônio-222 origina-se do urânio-238, que existe em pequenas quantidades em diversos materiais, inclusive nos de construção. A razão é que a série radioativa que começa no U-238 – a sequência de elementos em que ele vai se transformando por emissão de radiação alfa e beta – passa pelo radônio (veja a figura no Box acima; o radônio é o elemento de símbolo Rn), no meio da série. Acontece que o radônio é um gás nobre, isto é, ele praticamente não reage quimicamente com nenhuma outra substância. Por isso, o radônio formado no solo, no cimento e tijolos das paredes das casas e prédios, por causa do decaimento do urânio, acaba  difundindo-se para o interior de ambientes de convívio humano.

Na atmosfera, o decaimento do radônio produz outras espécies radioativas que são os chamados “filhos do radônio” – os elementos que se seguem a ele na série radioativa (veja a figura no Box acima). Estes, ao contrário do radônio, têm muita facilidade de se ligarem a aerossóis. Ao respirarmos, aerossóis se fixam no pulmão e filhos do radônio presos a eles continuam a série radioativa – os filhos vão emitindo radiação até chegar no chumbo, o produto final dessa série.

O grupo estuda não só o radônio, mas também os seus filhos, pois são eles que vão causar o maior dano ao organismo (o radônio, por ser um gás nobre, depois de inspirado poderá ser expirado, enquanto os filhos serão depositados no pulmão). São feitas medidas da distribuição geográfica e da concentração do radônio e de seus filhos em ambientes de convívio humano. O radônio atmosférico tende a se acumular no interior das casas, por causa do ambiente fechado. Dentro de tais ambientes, a concentração de radônio é cerca de 100 vezes maior que do lado de fora. Mesmo assim, ele aparece em concentração muito pequena, de modo que é controverso se ele é capaz de contribuir para o câncer ou não. Atualmente, há uma investigação do grupo sobre uma possível correlação entre a concentração de radônio e a leucemia mielóide aguda em crianças.