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A few words about our journal club

Prof. Alfredo Miguel Ozório de Almeida, Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Rio de Janeiro, RJ, Brasil:

O IF da UNICAMP foi concebido como um grande laboratório experimental: seríamos a ‘Bell-Labs da América do Sul’! Nos anos 70, contratou-se a roldão; chegamos a ser uns 140 professores, entre os quais, uns 30 teóricos, pescados a esmo, supostamente para dar apoio ao grande empreendimento experimental e de física aplicada.

Acabou o milagre brasileiro e bateu a crise da UNICAMP, com a intervenção e destituição de oito diretores de instituto no começo dos anos 80. No meio da barafunda institucional, com muitas assembléias de reação política, mas acompanhada de um profundo desânimo acadêmico, nós teóricos começamos a nos reunir para discutir que posição tínhamos dentro da instituição. Constatou-se que, embora fração considerável do instituto, em nada contávamos. Veio então a primeira idéia de criar um Departamento de Teoria. Seria o quinto departamento e os quatro originais se juntaram para derrotar nossa campanha na congregação.   

Acabou não sendo tão mal assim! Sem ter que arcar com estruturas burocráticas e rivalidades eleitorais, o ‘Grupo de teoria’, informalmente constituído, começou a se manifestar. Nossa conquista inicial, foi o “Curso Especial de Teoria”, que dava dispensa de um semestre sem aula, para preparar um curso avançado. Este aí valeria como carga didádica, com o compromisso de se preparar uma apostila: Valeu por longo tempo e deu bons frutos.  

Faltava um congraçamento mais lúdico, incentivo para maiores interações entre nós, que eram raras. Surgiu naturalmente, então, a idéia de um ‘Journal Club’, só de artigos que cada um considerasse interessante, mas que nunca fosse de sua área: algo rápido para estimular discussão; a idéia e não as contas. O modelo seria dos americanos, com seu ‘brown bag lunch’. Mas, o que? Vamos trocar um bom almoço brasileiro por um sanduíche mal digerido em seu molho de questões conceituais? Nunca!

Bem, senão durante a refeição, então uma apresentação de aperitivo antes de um almoço celebrando a sexta-feira. Surgiu um garrafão de cachaça para fazer jus e criou-se assim um limite de tempo definitivo: Vinte minutos, enquanto a cachaça entrante ainda permitisse algum comentário inteligente…

É muito bom saber que algo que nasceu de um bando de teóricos desgarrados em uma conjuntura singular continua vivo até hoje.

 

Prof. Peter Alexander Bleinroth Schulz, Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), Unicamp:
artigo no Jornal da Unicamp