Tecnologias utilizando o conhecimento em eletromagnetismo são tão presentes hoje em dia, que é praticamente impossível avaliar o seu impacto social. Um modo de vislumbrar esta importância é seguir um dia no cotidiano da maioria de nós, e verificar quais tecnologias foram desenvolvidas graças à compreensão do eletromagnetismo. Vejamos…
Acordo normalmente com um despertador movido a pilhas. Acendo luzes, ligo a cafeteira e a torradeira (sistemas resistivos), e às vezes utilizo o liquidificador (motor elétrico). Tudo alimentado por uma usina ligada à minha casa por linhas de transmissão em alta tensão (cuja tensão é reduzida por um transformador, para o meu uso seguro). No carro (que tem sua bateria, vidros elétricos, geradores, etc.), sintonizo (utilizando circuitos LC ressonantes) uma rádio, até chegar ao trabalho, sempre atento à velocidade do veículo para não ser multado por um sensor indutivo. Ligo as luzes fluorescentes do escritório (emissão de ultravioleta) e o computador (uma infinidade de circuitos elétricos), que está conectado à Internet por uma rede sem fio. Voltando para casa, tomo um banho de chuveiro elétrico (sistema resistivo), assisto um pouco à televisão (novamente, ondas de rádio) no sofá, de posse do controle remoto (radiação infravermelha).
Saindo do cotidiano, posso também mencionar o exame de raios X, que fiz quando quebrei um dedo, ou de diversos exames médicos mais refinados feitos por mim ou por pessoas próximas, ou do filtro de proteção solar, utilizado na praia, ou do filme em 3D (polarização de campos eletromagnéticos) ao qual assisti outro dia. Na verdade, o difícil é imaginar um dia sem o uso de tecnologia advinda do conhecimento do eletromagnetismo, de alguma forma ligado às Equações de Maxwell:
Há uma frase que considero bastante interessante e oportuna para encerrar este curso, criada pelo escritor de ficção científica Arthur C. Clarke (a terceira de suas três leis, que segundo Clarke regem a relação do homem com a tecnologia):
“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia.”
Pois, para mim, mesmo compreendendo os princípios físicos do eletromagnetismo, que tentei passar aqui, alguns aspectos das tecnologias desenvolvidas a partir do conhecimento do eletromagnetismo ainda se assemelham à magia. Afinal, é ou não é incrível que, ao acionar um interruptor de uma lâmpada em nossa residência, estamos fechando um circuito elétrico que se estende até uma hidrelétrica, e com isso campos elétricos criados por variações de campos magnéticos nesta hidrelétrica são transmitidos por uma fiação até nossa casa, impulsionando elétrons para dentro de nossa lâmpada? E como resultado disso uma corrente, que também aparece em um circuito na usina, cria um campo magnético, e através da interação deste campo magnético com ímãs presentes na usina, se opõe ao movimento da turbina! E tudo isso ocorre cotidianamente, em um piscar de olhos!
Há uma história interessante (possivelmente falsa, mas ainda assim interessante) que diz que Faraday, ao ser interpelado pelo primeiro-ministro britânico sobre a utilidade de seus experimentos, respondeu:
De minha parte, a possibilidade de conhecer mais a fundo o funcionamento da natureza é motivo suficiente para estudar e promover a pesquisa científica. Mas o conhecimento sempre abre portas para o desenvolvimento tecnológico, criando possibilidades de uso de recursos naturais, até então, inimagináveis. Que nova mágica nos aguarda no futuro?