Algumas motivações para desenvolver este trabalho.
A primeira motivação veio dos meus filhos e de conversas com muitos alunos que tive ao longo da minha vida como professor. Apesar no enorme fascínio pela Ciência a dificuldade no seu entendimento resulta em poucos motivados para a carreira científica.
As avaliações internacionais, como as feitas pelo programa PISA da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), mostram os nossos jovens nos últimos lugares. Toda avaliação sempre mostrará um pais em primeiro e um outro em último, assim para entendermos o que esta avaliação nos diz é necessário compreender como estamos nestes últimos lugares.A resposta mais relevante é que não estamos apenas em último, mas também distantes dos demais ou seja, nossos alunos não atingem o mínimo esperado. Isto não é um problema isolado no nosso ensino.
Olhando a outra ponta constatamos que o Brasil coloca aproximadamente 10% de seus jovens de 18 a 24 no Ensino Superior, número considerado baixo mesmo para um país da América Latina. Deste total os formandos nas áreas de Ciências Básicas tais como Matemática, Biologia, Química e Física, incluindo aí todos os licenciados, somam menos de 5% do total. As avaliações que eram feitas com base no Exame Nacional de Cursos mostraram problemas em diversas áreas de Ciências Básicas, mas muito pouco deste material foi utilizado para propor melhorias. Tudo isto aponta para nós que é necessário formar mais e melhor nestas áreas, que precisamos atrair mais jovens para as áreas de Ciências e, para isto, temos que fasciná-los pelo tema desde cedo.
Nos últimos 250 anos é fato que o papel da Ciência se aprofunda a cada fase da nova revolução industrial em que vivemos. Isto é ainda mais marcante nesta, a terceira, pois as mudanças são ainda maiores. As novas tecnologias, inclusive estas que permitem vocês lerem este texto, mudaram a nossa percepção de mundo, o mercado de trabalho, os requisitos profissionais, a forma de aprender, de se relacionar ou mesmo de se divertir. A escola deve estar preparada para lidar com estas mudanças e uma das ações necessárias é introduzir as nossas crianças desde cedo no mundo da Ciência. Com isto, pode-se obter uma melhor compreensão do que ela significa até para que, como cidadão, possa opinar sobre temas complexos como Genômica, Energia Nuclear ou Meio Ambiente.
A nossa proposta é fazer dos nossos jovens, aprendizes de cientista utilizando-se para isto um projeto de pesquisa bem definido. Neste projeto, os alunos buscarão redescobrir um instrumento muito útil para a nossa vida, o calendário. Com esta escolha também queremos chamar a atenção destes alunos, mostrando como o conhecimento busca criar instrumentos úteis para a nossa vida e o calendário é um excelente exemplo. Tentaremos mostrar que uma parte essencial da descoberta do calendário está na medida de um intervalo de tempo. Um problema prático, determinar a periodicidade do clima da Terra, levanta diversas questões que para serem entendidas levou a invenção de diversos conceitos, entre eles o espaço-tempo e a sua medida. Lembremos que para inventar o calendário a coisa mais importante foi medir o ano, que é um intervalo de tempo.
Para que as crianças das séries iniciais possam trabalhar com algo, em princípio, tão abstrato como o calendário e a medida do tempo, sugerimos uma série de atividades bem simples sendo a primeira delas, desenhar o céu diariamente. Desenhar o céu já é utilizado em diversas escolas. O que é novo neste caso é que, ao lado desta atividade que deve consumir de 10 a 15 minutos diários da aula, semanalmente o(a) professor(a) deverá ler um textos escritos para crianças motivando-as para entender a utilidade dos seus desenhos. Duas outras atividades de observação mais espaçada, acompanhar a sombra do Sol e a hora do Sol nascer e de se por. Analisando periodicamente os desenhos feitos durante o ano, os seus dados experimentais, eles perceberão as características de cada estação do ano. Se esta atividade for repetida no ano seguinte o aluno terá as evidências da periodicidade do nosso clima e ensinará o aluno como se mede um ano.
É muito importante que esta atividade ocorra num ambiente lúdico no qual os alunos se divirtam tanto como nós nos divertimos escrevendo estes textos.