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Traje espacial

O espaço, a fronteira final. Você pode até achar uma preocupação demasiada, mas por trás de uma viagem espacial existem milhares de pequenos detalhes a serem levados em consideração. Se as espaçonaves e estações espaciais requerem cuidados especiais, a mesma regra se aplica aos trajes utilizados pelos astronautas.

astronauta

 

Desenvolvida a fim de proteger o corpo humano, a roupa especial usada por astronautas em suas missões espaciais é capaz de:

• Regular a temperatura do corpo evitando o grande frio do espaço;
• Impedir que o vácuo quase absoluto do espaço arrase com o astronauta;
• Protegê-lo contra os raios solares;

• Protegê-lo contra os raios cosmicos;

• Protegê-lo de minúsculas rochas errantes no espaço;

• Evitar atrito, mesmo que pequeno, com corpos existentes no espaço;
• Controlar a pressão arterial, entre outros.

Podemos dizer que a roupa dos astronautas é dotada de diversas funções, capazes de proporcionar segurança a quem usa. Certamente nenhuma destas funcionalidades  especiais seria conseguida caso não se utilizasse tecnologias de filmes finos, onde se pode filtrar a luz em comprimentos de onda úteis e desprezar os inúteis ou danosos aos tripulantes, considerar ainda o isolamento térmico dos 36 graus dos humanos a baixíssima temperatura do espaço (algo  próximo do zero absoluto ou -270 oC)  materiais tradicionais são absolutamente inviáveis.

A roupa tem em média 130kg: esse valor é na verdade a soma da roupa e dos equipamentos auxiliares e de segurança, que possibilitam ao seu usuário condições vitais muito parecidas com as condições terrestres.

Um modelo dessas roupas, chamado Traje Adeli, desenvolvido para astronautas russos na década de 70, cujo objetivo principal era evitar a flacidez e a atrofia muscular, tem sido muito utilizado no estímulo de crianças com paralisia cerebral..

De sutiãs a trajes espaciais

A maioria das pessoas que está lendo este texto deve pensar que os primeiros modelos de roupas espaciais usados pelos astronautas foram projetados pela própria NASA ou alguma agência semelhante. Mas a verdade é muito mais simples: a empresa criadora do traje foi na verdade uma fabricante de sutiãs e cintas, chamada Playtex.

Formado por um pequeno grupo de costureiros e engenheiros, liderados por um mecânico de carros e um ex-reparador de TVs, o projeto da Playtex (na época, “International Latex Corporation” ou ILC) não poderia ser considerado uma piada maior.

Isso porque, para conseguir um contrato com a NASA, o grupo precisaria vencer outras duas empresas muito maiores e com mais recursos. Além disso, os trajes das outras companhias eram compostos de partes sólidas (que as faziam parecer armaduras com capacetes), enquanto a roupa da Playtex era quase que completamente maleável.

(Fonte da imagem: Wired Magazine)

Para a época, a ideia era completamente ridícula, já que ninguém acreditava na possibilidade de um traje sem várias placas sólidas conseguir proteger os astronautas da falta de pressão no espaço. Mas a roupa resistiu aos testes e sua qualidade se provou superior à das outras duas empresas, o que foi suficiente para que o projeto da Playtex ganhasse um contrato.

Uma vitória não tão difícil

A Playtex pode ter vencido a “competição” entre as três companhias de forma exemplar, mas a verdade é que o traje apenas precisava ter protegido os astronautas para conseguir o contrato. O motivo? As outras roupas nem mesmo poderiam ser usadas no espaço.

Cada traje rejeitado tinha falhas estúpidas, a ponto de ser fácil pensar que eles nem mesmo foram testados. O primeiro deles era grande demais para passar pela porta da cápsula espacial. Já o outro teve uma falha ainda mais grave: seu capacete simplesmente explodiu quando submetido à pressão, algo que certamente não agradaria nenhum astronauta no meio do vácuo.

As roupas do futuro

Desde as primeiras ideias de trajes para grandes altitudes, era comum que eles contassem com um revestimento de cor metálica (geralmente prata). E o mesmo foi feito com as roupas de astronauta.

(Fonte da imagem: Pieces of Science)

Mas não pense que isso tinha algum objetivo funcional, como refletir os raios do sol e diminuir o calor de quem os vestia; de fato, o branco é melhor para essa função. A verdade é que aquilo era a mais pura estratégia de marketing: naquela época, objetos prateados eram sinônimos de “futuro”. Então, cobrir os trajes dessa forma fazia com que o povo achasse as roupas ainda mais avançadas.

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Dos projetos que pareciam verdadeiras armaduras futuristas até os primeiros trajes usados pelos astronautas da Apollo, a criação dessas roupas passou por situações bastante complicadas (para não dizer cômicas). Mesmo assim, essa história deixa uma mensagem bem clara: às vezes, nem mesmo projetos avançados precisam ser uma “ciência de foguetes”.

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