Estudo do “annealing” de traço de íons em Muscovita

A mica muscovita, que já foi objeto de datação nos primeiros anos de desenvolvimento do método dos traços de fissão (Garzonru and Fernande, 1974; Metha and Rama, 1976), não é usada na TTF porque a quantidade de urânio presente neste mineral é muito baixa, e mesmo em amostras mais antigas não é comum encontrar traços confinados. Recentemente, porém, pesquisadores têm apresentado trabalhos nos quais minerais são irradiados com íons pesados em aceleradores (Jonckheere et al., 2007; Min et al., 2007). Os traços deixados pelos íons servem como canais para levar o reagente até os traços confinados, aumentando a probabilidade de se atacar tais traços. Isto faz que os traços confinados em minerais como a mica possam ser observados. A Figura abaixo um traço confinado em uma muscovita irradiada com 78Kr no Gesellschaft für Schwerionenforschung, GSI, em Darmstadt

 

Estudos de “annealing” de traços de fragmentos de fissão (Belyaev et al., 1982; Lal and Nagpaul, 1975; Metha and Rama, 1969) e de íons com energias mais altas (Dartyge, 1978; Khan et al., 1984; Sandhu et al., 1989; Singh et al., 1989; Tung et al., 1997) foram realizados com o objetivo de estudar anisotropia na mica ou comparar efeitos da interação de diferentes íons com a rede da muscovita.

Neste projeto, propõe-se um objetivo diferente. Ele visa à realização de experimentos de “annealing” em traços de fissão para tornar viável o uso da TTF em muscovita. Como já há técnicas disponíveis para aumentar a probabilidade de se encontrar traços confinados na mica, se a cinética de “annealing” de traços puder ser quantificada, a muscovita poderá ser usada para estudar histórias térmicas de amostras com interesse geológico. Além disso, serão feitos estudos de “annealing” em traços de 78Kr e 238U, que incidiram sobre a mica em diversas energias. Nesta parte, objetivamos correlacionar a cinética de annealing (restauração da rede cristalina) com as energias e cargas dos íons.